Pedro Lourenço fala sobre a nova fase (mais acessível) da sua marca

Esta é a sexta coleção que Pedro Lourenço desfila desde que começou efetivamente a sua marca — o primeiro desfile aconteceu em Paris em março de 2010. Desde então, muito mudou. Principalmente da última estação para esta. Pedro está no controle, emocional, da sua promissora carreira. Amadureceu e percebeu que, às vezes, as críticas podem indicar caminhos para o estilista, ainda mais quando são feitas por jornalistas internacionais do calibre de Suzy Menkes e Cathy Horyn. E a avaliação das resenhas das últimas temporadas, que admiravam a ambição, mas questionavam a equação usabilidade/preço das peças, já parece ter sido colocada em prática por Pedro nesse inverno 2012, apresentado na manhã desta sexta-feira (20.01) no SPFW (a coleção é a mesma do pre-fall 2012, mostrado em NY há dez dias).
“Antes tinha dificuldade em equilibrar a qualidade dos materiais com a quantidade da produção, que é feita lá fora, no melhor curtume de Paris, por exemplo, e acabava ficando sem preço de mercado. Agora, tenho um produto compatível com o dos meus concorrentes”, diz. E quem são eles? “Christopher Kane, Givenchy. É só olhar na Browns e na Barneys, estamos ao lado deles”, conta ele, que tem planos para expandir também as vendas no Brasil — as 400 peças produzidas por coleção no início da marca agora são 2 mil. Tanto é que acaba de inaugurar um showroom no bairro de Pinheiros, em São Paulo (ao lado da fábrica da mãe, a estilista Gloria Coelho), onde aconteceu o desfile. “Peguei um cortiço antigo no Largo da Batata e reformei, mas mantive a estrutura, o piso. Queria uma coisa mais underground mesmo. A ideia é ser um espaço tipo uma galeria de arte, onde posso fazer lançamentos e outros eventos”, explica. Mas Pedro esclarece que ali não funciona como ateliê. “Eu crio pelo mundo, não tenho um lugar fixo. Essa coleção, por exemplo, desenhei num avião voltando de Paris. Peguei o Photoshop e comecei a introduzir algumas imagens de deserto na silhueta, que pareciam janelas do corpo.”
Pedro está também mais preocupado com o equilíbrio entre as formas. As estruturas pesadas saem de cena para darem lugar a um mix entre rígido e fluido. “As formas são totalmente novas. Consegui um trabalho de estrutura com intertela, mas também usei muito o corte em viés para essa shape mais arredondado.” A pele sintética, de mohair, também é uma novidade. “Já tinha usado pele natural, mas agora preferi usar essa de mohair que é feita numa tecelagem incrível italiana que faz coisas para a Prada e outras grifes. Lá você pode imitar praticamente tudo, raposa, vison, até pele de rato se você quiser. Eu escolhi a lhama por ter a ver com o tema, deserto. Na verdade, ainda estou descobrindo o que eu penso sobre o uso de peles.” (VITÓRIA GUIMARÃES)